foto por Marjon Buurema

quarta-feira, 21 de abril de 2010

CASTELOS DE VIDA

Regresso a este lugar com uma partilha já habitual no Fadiário, a dos passeios inesperados, dos lugares de encantar no nosso país, ou das descobertas a gravar na memória e que continuo a defender com o maior carinho.
Logo depois da Páscoa, o rumo foi até Castelo de Vide. Nada nos encanta mais do que apreciar um lugar onde o orgulho natural dos que aí moram que sente a cada esquina, em cada rua, no respeito ao legado e à herança quase milenar que aí encontramos. A “vilazinha medieval, cidadezinha moderna”, designações que podemos encontrar no próprio site de Castelo de Vide, assentam que nem uma luva. Tudo respira à antiguidade que nos marcou e à nossa história, mas tudo transmite respeito, cuidado com o património e dignidade. O Castelo é bem a referência maior, mas o passeio que fazemos até ele não é menos deslumbrante. As ruas que nos levam à praça central fazem antever esse encontro majestoso com a Sé do largo, nas suas flores coloridas e charmosas, nas varandas simplesmente românticas, no branco que FELIZMENTE ainda predomina no urbanismo que se quer harmonioso e esse passeio pacifica-nos com o que é nosso.
De Castelo de Vide ao Marvão, é quase um passo inevitável. E aqui, de forma ainda mais pessoal, confesso o deslumbramento total. Já aqui cantei e a sensação que me percorre, sempre que aqui regresso é a de harmonia total. Caminhar e simplesmente contemplar é um exercício por vezes difícil, para quem passa os dias num ritmo alucinado. Mas quando se consegue, sentimo-nos flutuar, entrar nos espaços e sermos parte deles.
Depois destes pontos de referência, o passeio prosseguiu em busca dos Menires perdidos e das Antas, monumentos megalíticos… e aqui recomenda-se vivamente que se façam acompanhar das melhores enciclopédias ambulantes possíveis: Amigos, dotados de Amor profundo à nossa História e que de cada ruína constroem um cenário que quase conseguimos rever por completo! Eu tive essa sorte e quando finalmente me deitei nos rochedos aquecidos pelo sol, inteiros, imponentes e majestosos, pude fazê-lo com a consciência do privilégio que é sentir-me rodeada de tamanha ancestralidade.
O regresso levou-nos a passar pelo Crato, Alter do chão, onde recomendo a visita à coudelaria e aos imperdíveis seres mais extraordinários do mundo: os cavalos! Habituados às visitas constantes, estes animais únicos aproximam-se confiantes e levam-nos a mergulhar nos olhos mais autênticos que já vi.
Finalmente, porque um passeio não se faz sem o devido” abastecimento”, recomendação à gastronomia ao mais alto nível do nosso país. Especial referência ao restaurante Sever, com uma cozinha impecável, de onde se vislumbra Marvão e ao restaurante Alpendre em Arraiolos, uma perfeita perdição de sabores, onde demos por encerrado o breve passeio. Da melhor forma garanto…
E recomendo!

4 comentários:

  1. Have you seen the barragem at Nossa Senhora da Povoa e Meadas, the splendid panorama's and the storks that nest on roofs of the old houses, the menhirs and the dolmens, the little birds that nest in the castle of Vide, the quinta antiga at Santa Maria da Devesa, the little church that overlooks Vide, the ancient path from Marvao to Vide (over cobblestones), the hills where two horizons meet, the ancient drawings in the rocks?

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Portugal é um País lindíssimo cheio de História, cheio de Memórias, com paisagens deslumbrantes, com espaços inesquecíveis, com monumentos que nos impressionam pela sua beleza e pelas histórias que contam... e é tão bom quando nos disponibilizamos a vivê-lo, a olhá-lo verdadeiramente e a assimilar todas as energias que nos transmite.

    Quando se une a música da Mafalda Arnauth a esta História criam-se momentos mágicos... Ficou na minha memória o concerto nas Ruínas do Carmo em 2003 e passados todos estes anos ainda sinto o encantamento (tão a propósito...) que a entrada neste espaço me provocou. Uma iluminação lindíssima com a Lua a dar-lhe uma magia ainda maior, respirava-se e sentia-se a energia que a Mafalda coloca em tudo o que faz e inicia-se o concerto com a voz da Mafalda a percorrer o seu caminho até ao palco... Recordo, o momento que para mim foi o mais alto da noite, a interpretação cheia de intensidade do "Cavalo à Solta"...

    É bom sentir estas energias, disponibilizarmo-nos a sentir... é realmente único o que a Mafalda partilha connosco, os momentos que nos proporciona e que se tornam inesquecíveis em nós...

    Beijos
    Cristina

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  4. A música como forma de arte deverá ser ela própria a expressão máxima de um tempo e de um espaço que deverá ser sinal de uma memória, para que fique gravada na "pedra" da História do Homem.

    E sem dúvida, que a música de Mafalda Arnauth irá ficar escrita nos Anais da História do Fado. Afinal, o fado é um Diário de um povo que se chama português.

    E não posso deixar de partilhar que recordo os espetáculos da Mafalda como sinal de um tempo. O meu tempo...
    Assim como toda a sua música que marca um pouco o compasso do que tem sido algumas das peripécias da vida.

    Algo que fica na minha memória...

    Obrigado Mafalda!

    Beijinhos

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